1 de dezembro de 2011

Mudanças de Hábitos



Por que, afinal, alterar os PADRÕES do nosso comportamento pode ser tão desafiador?

Quem já tentou mudar algum hábito ou fazer algo novo sabe que nem sempre é fácil. Porque tendemos a repetir as mesmas coisas várias vezes. Prometemos, nos impomos metas, dizemos que vamos mudar de uma vez por todas e talvez até mudemos por um tempo, mas logo estamos de volta ao ponto inicial, rendidos ao padrão.

Muitas vezes, agimos sem sequer refletir sobre nossas ações cotidianas porque elas já se tornaram UM HÁBITO, um padrão enraizado; ou você realmente percebe toda vez que morde a ponta do lápis?
Se somos guiados tanto pela RAZÃO – direção e planejamento - quanto pela EMOÇÃO – energia para realizar, uma mudança só é realmente possível se você convencer os dois lados a trabalhar por ela.

Os hábitos muitas vezes determinam até nossa personalidade, por isso, para algumas pessoas, desfazer-se deles é como perder um traço da sua identidade.
Nosso cérebro é bem conservador, pois ele não quer gastar esforços para aprender a mesma coisa de uma forma diferente; ele prefere usar esse esforço para aprender coisas novas. “Dessa forma, os padrões são ótimos para o cérebro, pois permitem que as coisas sejam feitas sem exigir uma energia extra” para analisarmos, entendermos e mudarmos.


Razão e Sensibilidade

O fato de estar atados aos nossos hábitos também tem relação com o fato deles representarem uma forma de conforto e tranqüilidade para a vida cotidiana (passamos 90% do tempo ocupados com nossos hábitos diários). Eles podem sanar nossos anseios à medida que nos mantêm em uma rotina, permitindo que possamos nos senti mais seguros com a repetição – e sem a insegurança daquilo que não conhecemos. “Muitas pessoas insistem que precisam de seus hábitos (seja o cigarro, a comida, roer unhas, correr no parque ou qualquer outro) para combater o estresse, a ansiedade e a depressão. Na verdade, nós frequentemente enxergamos um hábito como uma forma de automedicação”, afirma a psicóloga Meg Selig, autora do livro Changepower (“Poder de Mudança”). Os hábitos, até mesmo os maus, podem regular nosso humor, nos oferecendo uma recompensa imediata”. Mas o fato de enxergarmos esses padrões como benefícios imediatos (o cigarro pode acalmar, a comida saciar, etc) não significa, porém, que eles não sejam nocivos. Muitos dos hábitos que cultivamos podem resultar em grandes prejuízos na nossa vida. “Eles podem tornar-se prisões de sofrimento: hábitos de pensamentos negativos, de comportamentos autodestrutivos, de padrões de inércia difíceis de superar”, afirma a escritora e consultora M.J. Ryan no livro  A Aventura de Viver Seus Sonhos (Editora Sextante), A questão é que temos dificuldade justamente em ponderar os males futuros que eles representam com os benefícios de hoje que podem causar. E nossa mente está mais plenamente convencida dos ganhos a curto prazo do que as perdas que podem vir a perder de vista. E aí entra um embate essencial entre a nossa razão e a nossa emoção.

Se você tem um compromisso importante bem cedo, trata de colocar o despertador para tocar e assim não correr o risco de perder a hora. Assim que o alarme toca, seu lado racional sabe que é o momento de levantar; já o lado emocional do seu cérebro quer aproveitar para descansar um poucos mais, aproveitando o dia frio que faz lá fora. A decisão de apertar ou não o botão no modo “soneca” fica por conta do lado que falar mais alto: a razão, que faz você pular da cama e se apressar, ou a emoção, que pode fazer você estender um pouco mais o sono e correr o risco de chegar atrasado ao compromisso (ou nem chegar...). O fato é que nossa emoção costuma ter a palavra de ordem nessa relação. Ou, como a analogia defendida pelos irmãos Heath, a razão é o condutor, enquanto a emoção o elefante. Por mais que a razão ache que esta no comando, por vezes o elefante, grande e auto-suficiente, nem sempre segue os caminhos determinados pelo condutor, tratando de seguir suas próprias vontades.

Então para mudar um trajeto nas suas escolhas, não basta apenas avisar o condutor, é preciso convencer também o elefante, ou seja, nossa emoção, do melhor percurso a seguir para chegar aonde quer. E essa tarefa nem sempre é fácil. Porque, por mais que você saiba que não deve fumar, comer demais, faltar à academia, ligar para a ex-namorada na madrugada ou evitar falar em publico na convenção da empresa, sua emoção pode levá-lo a fazer exatamente o contrário. “Uma mudança só é realmente possível se você apelar aos dois lados: o condutor é quem cuida da direção e do planejamento, o elefante é quem te dá energia” escrevem Chip e Dan Hearth. Do contrario, você acaba pensando em uma coisa e fazendo outra oposta. 

Porque nosso lado emocional nos impele em direção ao prazer, à recompensa, e nos afasta da dor, do esforço. Como uma situação nova pode representar uma insegurança, algo que não conhecemos, voltamos à zona de conforto, aos velhos hábitos. “ë por isso que tantas vezes nos sabotamos – nosso cérebro emocional ignora a decisão do nosso cérebro pensante em favor desse tal prazer imediato ou da sensação de segurança”.
“Se você quer mesmo cumprir suas decisões, essas informações são indispensáveis. Você precisar ter suas emoções como aliadas se quiser realmente mudar”, explica M. J. Ryan.


Continuação ..... 

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